A síndrome de Otelo é mais conhecida como ciúme patológico. A pessoa ciumenta tem uma linha divisória entre imaginação, fantasia, crença e a certeza são vagas e imprecisas. As dúvidas do ciumento podem transformar-se em idéias fixas com muito valor ou apenas delírios. Toda a tentativa que o ciumento faz para aliviar seus sentimentos de desconfiança, não ameniza o mal estar que a dúvida causa.
A pessoa que sofre de ciúmes patológicos está em constantes buscas por evidências e confissões (que muitas vezes não existe), toda essa busca traz mais dúvidas ao invés de trazer paz, mesmo que sejam confirmadas suas suspeitas o ciumento não se dá por satisfeito.
O que fica explícito no ciúme patológico é o desejo de controle total sobre o companheiro, desde a posse dos seus sentimentos, comportamentos e preocupações excessivas com os relacionamentos anteriores.
Essa síndrome é um problema que deve ser tratado com psiquiatra, pois envolve riscos e muito sofrimento, que se não for controlado pode resultar em transtornos mentais. Normalmente o ciúme pode apresentar idéias obsessivas, prevalentes ou delirantes sobre a infidelidade do parceiro (a). Para portadores do TOC (Transtorno Obsessivo-compulsivo) o ciumento demonstra uma obsessão relacionada a fazer rituais de verificação, “checagem”.
Como saber se o ciúme é patológico ou não?
O sentimento de ciúme faz parte da emoção dos seres humanos comuns, o que dificulta um pouco saber se o ciúme que você sente é normal ou patológico. Quando o ciúme começa a atrapalhar a sua vida e a do parceiro, deve tomar cuidado, pois pode ser um ciúme patológico.
O ciúme patológico traz consigo muito sentimentos perturbadores, fora de proporção e absurdos, o comportamento passa a ser inaceitável ou até mesmo “bizarro”. A pessoa passa a sentir um medo fora do normal de perder o parceiro (a) para um (a) rival (que muitas vezes não existe), reproduz em seus pensamentos uma desconfiança excessiva e muitas vezes sem fundamento, esse quadro acarreta em um grande prejuízo no relacionamento interpessoal da pessoa.
Muitos médicos só diagnosticam que a pessoa sofre de ciúme patológico, quando o paciente começa a ser irracional em suas desconfianças. Um ciúme em excesso na medicina não consta como ciúme patológico, a não ser que este esteja progredindo para uma compulsão baseadas em preocupações sem fundamento, totalmente absurdas e emancipada do contexto, sempre tendo a sensação de ser trocado por um rival.
Possíveis sintomas
A pessoa sente um misto de várias emoções ao mesmo tempo, como ansiedade, depressão, raiva, vergonha, insegurança, humilhação, perplexidade, culpa, aumento do apetite sexual e um desejo enorme de vingança.
A auto-estima do ciumento é rebaixada, sente-se tão inseguro que seu ciúme aumenta. É como se seus sentimentos pudessem ser comparados a um balão que senão parar de encher pode explodir. O amor já não tem mais romance, passa a ser um sentimento depreciativo e doentio, porém sua sensibilidade é exacerbada.
Caso o ciumento sinta-se ameaçado começa a aflorar seu lado negativo, impulsivo, egoísta e extremamente agressivo.
Existem pesquisas que confirmam que muitos dos crimes de homicídios seguidos de suicídio entre um casal são crimes de “paixão”, relacionados diretamente ao ciúme patológico. Quando a pessoa chega a cometer esses crimes, certamente possuem um problema psiquiátrico, transtornos de personalidades, ou estão envolvidas com álcool, drogas, depressão, obsessão compulsiva e inclusive esquizofrenia.
Essa síndrome é chamada de Síndrome de Otelo devido ao romance shakeasperiano escrito em 1964, “Otelo – O Mouro de Veneza”, o ciúme nesta belíssima obra é considerado como “o mostro dos olhos verdes”. Na história o protagonista Otelo compreende várias emoções e pensamentos irracionais e perturbadores, além de comportamentos inaceitáveis.
O comportamento típico da pessoa ciumenta é precisar ser constantemente abastecida de uma reafirmação de seu amor-próprio. O ciumento não confia em seu valor próprio e, assim, acaba por julgar que não é importante e tampouco amado. O ciúme pode corroer o pensamento cognitivo de uma pessoa ao ponto de tornar-se um escravo do próprio sentimento negativo e destruidor.
Por Luiziane Acunha