Tempo de Recuperação Estiramento Muscular Grau 2

As movimentações do corpo humano e principalmente a movimentação das articulações do corpo ocorrem em decorrência da força exercida pelos músculos. Essa força provém da conversão de energia química em força mecânica, produzindo trabalho para a contração daquele músculo e, portanto, a sua movimentação.

Todos os 434 músculos do nosso corpo correspondem a cerca de quarenta por cento do peso corporal e, desses 434 músculos, 75 pares são músculos do tipo estriado esquelético que são os responsáveis por manter a postura do tronco e também pela movimentação deste e dos membros.

Nos últimos anos houve uma grande expansão da prática de atividades físicas pelas pessoas, uma vez que ficou mais do que provado os seus benefícios para a saúde e para a prevenção do desenvolvimento de doenças cardiovasculares, principalmente, o que consequentemente contribui para uma maior qualidade de vida e, mais do que isso, uma maior longevidade. No entanto, da mesma forma que a prática amadora de atividades físicas aumentou, a realização de exercícios como forma de competição também aumentou, o que promoveu a realização de grandes pesquisas sobre a fisiologia dos exercícios e pesquisas quanto a prevenção e quanto ao tratamento de lesões.

Em decorrência de tudo isso a ocorrência de lesões não só entre os atletas, mas também entre os amadores, também aumentou de maneira considerável. Dentre essas lesões musculoesqueléticas, as que mais ocorrem são as lesões musculares, uma vez que representam entre 10 a 55% de todas as lesões que ocorrem na traumatologia esportiva.

A movimentação dos músculos ocorre, sobretudo, devido ao deslizamento dos filamentos das fibras musculares. Esse deslizamento geralmente é dividido em fases, para a realização de uma explicação didática. Dentre as propriedades dos músculos, uma das mais importantes é a sua extensibilidade, que está relacionada à capacidade do músculo de se alongar além do seu comprimento normal, que é o definido quando esse músculo se encontra em repouso. O que determina a capacidade de extensibilidade dos músculos é o seu tecido conjuntivo, representado pelo perimísio, epimísio e fáscia muscular.

Outra propriedade que o músculo tem e que também é determinada por seu tecido conjuntivo é a elasticidade, que está relacionada com o poder que os músculos têm de retornar ao seu comprimento e conformação originais após a realização de um alongamento ou de uma contração, além ou aquém, respectivamente, de seu comprimento original, que é o comprimento que esse músculo tem ao não ser estimulado, isto é, quando esse músculo se encontra em situação de repouso. A elasticidade pode ser entendida como um mecanismo de proteção do músculo, de modo que ela evita que ele se deforme por sua utilização, até porque quando a elasticidade muscular se encontra comprometida, há riscos relacionados a certos movimentos, que podem fazer com que esse músculo se deforme temporariamente.

Já a flexibilidade é a capacidade de amplitude do músculo durante um determinado movimento. Essa propriedade pode ser adquirida com a realização de exercícios de alongamento e é possível de ser aplicada em grupos articulares apenas ou em uma articulação em específico e não de maneira longitudinal, como ocorre em um certo desenho animado onde a heroína consegue esticar tronco, braços e pernas para alcançar objetos, por exemplo.

Sendo assim, quando as propriedades musculares não se encontram em perfeito estado ou então há algum fator externo que promova o comprometimento de alguma dessas propriedades, a musculatura é traumatizada, gerando, então, uma lesão de origem muscular. Isso pode gerar diversos problemas para o indivíduo e uma delas é a perda da capacidade de função daquele músculo, o que gera muita dor e exige um tempo considerável de recuperação, dependendo da gravidade dessa lesão muscular.

As lesões dos músculos podem ser classificadas de acordo com o seu tipo, com a sua extensão e com a sua localização, de uma maneira geral. Dessa maneira, podemos ter uma lesão muscular direta, que são aquelas em que o impacto no músculo ocorre por contato direto entre algo e o músculo, como podem ocorrer em quedas ou traumas como acidentes e batidas. Já a lesão muscular indireta é a que mais acontece e nesse tipo de lesão não ocorre um trauma de contato naquele músculo e sim um efeito devido a realização de um movimento em específico e é por isso que as lesões indiretas ocorrem quando uma grande potência é empregada à musculatura para realizar os movimentos.

As lesões do tipo indiretas podem ser traumáticas e atraumáticas. As traumáticas ocorrem quando o músculo sofre alguma contusão, alguma laceração ou quando ele é estirado e as atraumáticas estão relacionadas à dor muscular tardia, que pode ser após um exercício de musculação, por exemplo, ou pelas cãibras. Além desses tipos, temos a divisão das lesões quanto à sua extensão, que então, podem se enquadrar em lesões totais ou em lesões parciais. Como o próprio nome já diz, as parciais acometem apenas parte do músculo, mas com relação às lesões totais temos uma observação importante, pois além de ela acometer totalmente o músculo, ela geralmente causa uma deformação visível e aparente no aspecto desse músculo, uma vez que o ventre muscular sofre um encurtamento em seu comprimento, no sentido da origem óssea de sua natureza e, por causa disso, o músculo deixa de ter capacidade para a realização do movimento.

No entanto, independentemente do tipo de lesão, as fibras musculares sofrem lesão, o que gera a dor não só aguda, mas também a dor muscular tardia, além de também poder gerar edema e as deformidades aparentes ou anatômicas que foram citadas anteriormente, mas a ocorrência que mais afeta a vida dos indivíduos é a perda de função temporária daquele músculo, até sua recuperação.

Com relação especificamente ao estiramento muscular, conforme já dito anteriormente, trata-se de uma lesão muscular do tipo indireta, que ocorre em decorrência do alongamento da fibra muscular além do que comumente ela se alonga, que seria o seu alongamento chamado de fisiológico. Isso ocorre principalmente quando o indivíduo realiza alongamento durante as contrações musculares na fase excêntrica da contração, fazendo com que essa fibra se alongue a partir da realização do torque nessa fibra, que acaba sendo menor em intensidade do que a resistência que se coloca sobre o grupo muscular.

Esse tipo de lesão ocorre de maneira predominante nos membros inferiores e em atletas que praticam futebol ou atletismo, principalmente, e as características clínicas principais do estiramento são a dor, a limitação do movimento e também a perda de função, que pode gerar inclusive o afastamento desse indivíduo da realização do esporte que ele pratica. Na lesão de grau 2, as dimensões podem variar de 5 a 50 por cento da totalidade do músculo, além de poder apresentar hemorragia leve ou moderada na região, com significativa redução da capacidade de o músculo exercer normalmente sua função, além de ter algumas chances de haver sequelas pós lesão.

Com relação ao tratamento, seus objetivos estão pautados basicamente na redução da dor, no controle do processo inflamatório que se encontra no local, além do auxílio a esse músculo para que ele recupere sua capacidade funcional por meio da reestruturação do tecido muscular, fazendo com que ele recupere, então, a flexibilidade que ele apresentava anteriormente à ocorrência da lesão. Para isso, é indicado o uso de analgesia a partir dos anti-inflamatórios não esteroidais e relaxantes musculares, também mais conhecidos como miorrelaxantes, que irão auxiliar não só na dor, mas também no controle dos espasmos musculares e no controle do processo inflamatório.

Além disso, há o chamado método PRICE, que significa Proteção, Repouso, Ice (gelo, em inglês), Compressão local e Elevação do membro cujo músculo foi lesionado. Na lesão de grau 2 esse repouso pode ser realizado com a ajuda que uma tipoia ou muleta pode trazer e, no caso de músculos que passem pelas articulações, os estabilizadores articulares também são muito bem-vindos. Como na lesão de grau 2 ainda há uma certa mobilidade do membro, deve-se ficar atento para a realização desses movimentos dentro do intervalo de amplitude e de carga seguros para que não ocorra aumento da gravidade. Sendo assim, juntamente com esses mecanismos de tratamento citados se faz necessária a colaboração comportamental do indivíduo para que ele tenha uma recuperação de sucesso de seu estiramento muscular em um tempo de médio prazo, que seria em torno de 20 a 35 ou a 40 dias, aproximadamente.

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Categoria(s) do artigo:
Dicas

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