Há quem diga que, para certas partes do corpo só damos importância quando não funcionam bem. Certamente os ombros entram nessa caracterização, uma vez que sua função é tão primordial que se torna mecânica, mas basta que ele nos falte para que percebamos o quanto dependemos dos seus movimentos. E talvez por responder a todos os movimentos dos nossos membros superiores, associados ao tronco, à cabeça e à coluna, que o ombro se tornou o alvo de inúmeras inflamações e outras patologias. Perigosamente, falhas nessas articulações provocam problemas cada vez maiores na população, afetando diretamente a qualidade de vida e, muitas vezes, impossibilitando o indivíduo até mesmo de trabalhar e praticar atividades simples. Diversos estudos sobre patologias osteomoleculares apontam para um problema que até pouco tempo atrás era desconhecido, genericamente tratado como bursite: a Síndrome do Impacto do Ombro.
Os Principais Alvos
O problema afeta principalmente profissionais ou atletas que utilizam a força física de forma intensa e repetida. A razão é clara: o acúmulo de traumatismos na região aumenta significativamente as chances do indivíduo em desenvolver a doença. O impacto prejudicial se dá através do choque provocado durante o levantamento do braço na altura acima da cabeça, movimento que comprime o tendão do supra-espinhal. Trata-se de uma espécie de tendinite, doença crônica provocada pelo esforço repetitivo. O resultado é uma dor constante e enfraquecimento nas movimentações, o indivíduo poderá sentir desconforto na postura de trabalho habitual, além da crescente incapacidade de manter o mesmo ritmo de esforço físico.
Estágios da Doença
Médicos alertam para três estágios da doença: durante a primeira fase, a dor ocorre apenas durante a prática da atividade; na segunda fase a dor pode permanecer também depois das atividades; na terceira, mais perigosa, é quando ocorre o rompimento do tendão, provocando dor aguda e uma disfunção progressiva. Para evitar que o problema atinja esse último estágio, é fundamental buscar um diagnóstico ainda nos sintomas iniciais. Clínicas especializadas poderão avaliar a síndrome através da Manobra de Neer, um teste que estimulará a movimentação do braço no intuito de captar as ondas de dor. Também é utilizada a Manobra de Jobe, que avalia a tensão do ombro ao exercer força física. Diagnósticos por imagem também são bastante eficazes nesse caso.
Prevenção Ainda é o Melhor Tratamento
A partir daí, o tratamento pode variar de acordo com o grau da síndrome e também pode ter uma resposta diferente de pessoa para pessoa, dependendo muito da sua estrutura física e o tipo de atividade que ela exerce para desencadear este mal. No caso de atletas da natação, por exemplo, grandes alvos devido a repetição dos movimentos dos braços, o primeiro passo para resolver o problema é trabalhar com a reabilitação funcional intensa do ombro afetado. Mas acima de tudo, para evitar que a síndrome eleve para um nível de fraqueza ou imobilidade, ainda é possível realizar exercícios preventivos de aquecimento e resistência muscular.
Por Vivian Fiorio