Síndrome de Alport – Nefrite Hereditária

A Síndrome de Alport também conhecida como nefrite hereditária é uma doença de origem genética que tem como principais características provocar a perda progressiva da função auditiva e renal. Uma doença que ainda pode afetar a visão e que tem como um sintoma comum a presença de sangue na urina que recebe o nome de hematúria.

Trata-se de uma forma progressiva de doença glomerular que possui caráter genético e está ligada e alterações no cristalino e também a perda da audição. A primeira vez que essa doença foi observada foi numa família inglesa pelo médico sul-africano Arthur Cecil Alport, em 1927. Saiba mais sobre essa síndrome, quais são os seus sintomas, causas e tratamento.

Causas da Síndrome de Alport

Como já dissemos essa síndrome é de origem genética e se dá por mutações nos genes COL4A3, COL4A4 e COL4A5 que tem como responsabilidade a síntese do colágeno. Quando uma pessoa apresenta mutações nesses genes tem o seu organismo impedido de produzir colagénio tipo IV. Devido a isso as membranas basais das células renais não têm a capacidade de filtrar da maneira correta o sangue o que acarreta na presença dele e de proteínas na urina.

Os Padrões de Hereditariedade da Síndrome de Alport

A Síndrome de Alport é uma doença que pode ter padrões de hereditariedade diferentes dependendo dos tipos de mutações genéticas. Na maioria dos casos de portadores dessa síndrome a condição herdade está ligada ao cromossomo X por causa de mutações no gene COL4A5.

A ligação com o cromossomo X significa que a anomalia está localizada no cromossomo X do indivíduo. Em homens que tem apenas um cromossomo X basta uma cópia alterada desse gene para ocasionar a Síndrome de Alport em sua forma mais severa.

Isso explica porque quase todos os homens que tem a síndrome sofrem de insuficiência renal. Já nas mulheres que possuem duas cópias do cromossoma X uma mutação em apenas uma cópia do gene COL4A5 acarreta somente no aparecimento de sangue na urina, entretanto, não há insuficiência renal.

Como a doença possui hereditariedade ligada ao cromossoma X o pai não passa a síndrome para os seus filhos do sexo masculino.

Síndrome de Alport Autossômica

É possível que a Síndrome de Alport seja herdada de maneira autossômica recessiva no caso em que duas cópias do gene COL4A4 ou do gene COL4A3 sofrerem mutação estando localizados no cromossoma 2. Basicamente acontece que pais de uma criança que possui uma doença genética não são afetados pelo problema, mas são portadores e por isso transmitiram essa herança genética para o filho.

O Diagnóstico

Para facilitar o diagnóstico da Síndrome de Alport foi criada uma lista com 10 critérios para determinar a existência da doença sendo que é necessário que existam pelo menos 4 desses critérios no indivíduo.

Critérios Para o Diagnóstico

Histórico familiar da doença.

Existência de hematúria persistente que tenha sido comprovada que não pode ser resultado de outro tipo de nefropatia hereditária.

Surdez sensorineural de cariz bilateral que esteja dentro do intervalo de frequências dos 2000 Hz aos 8000 Hz. Surgimento de surdez progressiva sem que tenha tido início na infância e perda de audição antes dos 30 anos de idade.

Existência de mutação no COL4An em que esse n pode ser igual a 3, 4 ou 5.

Descoberta de imuno-histoquímica com ausência parcial ou completa do epítopo na membrana basal epidérmica ou membrana basal dos glomérulos ou ainda nas duas.

Grandes anormalidades de estrutura na membrana basal dos glomérulos.

Lesões oculares.

Falência crônica renal progressiva, se não no indivíduo em pelo menos dois membros de sua família.

Inclusões granulocíticas ou macrotrombocitopenia.

Aparecimento de Leiomiomatose difusa no esôfago ou na genitália feminina ou mesmo nos dois.

Biópsia Renal

Em geral o diagnóstico é feito com base na suspeita do médico pelo histórico familiar de casos de insuficiência renal, perda da visão e surdez. Entretanto, vale lembrar que existem pelo menos 15% de casos em que não há histórico familiar de nenhum desses problemas o que torna necessária a realização de uma biópsia renal.

Sintomas Básicos

Podemos dizer que alguns sintomas ajudam a descobrir a síndrome, não tão conhecida, como a perda progressiva das funções auditivas e renais assim como alterações na função visual. Também são sintomas a hipertensão, edema ao redor dos olhos assim como nos tornozelos e nos pés.

Tratamento da Síndrome de Alport

A melhor forma de tratar a doença é manter o constante monitoramento da mesma assim como fazer algumas alterações na alimentação. Existe restrição da ingestão de líquidos e a hipertensão precisa ser mantida sob controle. Quando o paciente não toma esses cuidados pode enfrentar a evolução da doença que acarreta em insuficiência renal crônica que pode ser controlada por diálise ou resolvida com transplante renal. Uma possibilidade de tratamento também é a terapia genética.

O Que é Terapia Genética?

A Terapia Genética que também é chamada de Geneterapia é um tratamento que consiste na inserção de genes nas células e nos tecidos de uma pessoa que apresenta alguma doença causada por alterações dos genes. Um tratamento especialmente interessante para casos de doenças hereditárias.

O objetivo dessa terapia é suplementar os alelos funcionais que tem defeitos. Um tratamento que ainda não tem toda a tecnologia necessária, mas que já está sendo usado com bons resultados.

O Processo Básico de Terapia Genética

Em grande parte dos casos de estudos e aplicações da terapia genética um gene ‘normal’ é inserido no genoma visando entrar no lugar daquele que é ‘anormal’ e que causa a doença. Para que essa inserção aconteça é necessário utilizar uma molécula de transporte que se chama vetor.

Um dos principais vetores utilizados é um vírus que foi alterado geneticamente para transportar DNA humano. O vírus foi trabalhado e melhorado para que pudesse encapsular e transportar genes para as células humanas que são alvos da mesma forma que os vírus fazem para causar doenças.

A diferença é que o vírus carrega para as células-alvo genes terapêuticos ao invés de causar doenças. O processo consiste em infectar as células do paciente que precisam de tratamento com o vetor. Com isso o vetor descarrega o material genético que possui o gene terapêutico humano. É a produção de proteínas funcionais que restauram as células-alvo para o seu estado de saúde.

 

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Categoria(s) do artigo:
Doenças

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