A queloide e a cicatriz hipertrófica são maneiras anormais de cicatrização que acontecem nas peles de algumas pessoas. Machucados e ferimentos que ficam com aparência enrugada, visível, desagradável, contrastante com a pele são conhecidas como queloides, mas nem todas são queloides. A diferença é que a queloide ultrapassa o limite do ferimento e criam pele para além do limite de onde ele estava inicialmente, quando aconteceu. E no caso da cicatriz hipertrófica, ela se limita ao local e tamanho do ferimento inicial e pode inclusive diminuir de tamanho com o tempo. A cicatriz hipertrófica é uma resposta exagerada do corpo para feridas, cirurgias ou interferências externas que irritam a pele. Essa cicatriz pode ser chamada de pseudoquelóide. Além da cicatriz hipertrófica e da queloide há ainda as cicatrizes atróficas e as normotróficas.
Grupos E Fatores De Risco
A incidência de cicatrizes hipertróficas, assim como as queloides, são maiores em pessoas negras e/ou com origem negra na família. Também em pardos, asiáticos, amarelos, ou seja, em pessoas não brancas. E, dentre os brancos, ela é mais frequente em morenos do que em loiros.
Em relação a idade, ela pode ocorrer em todas as faixas de idade, entretanto são mais frequentemente na puberdade e bem menos frequentes em pessoas com idade acima de 60 anos. Em relação ao sexo, não há estatísticas que mostram diferenciação na incidência dos casos.
Há certos tipos de pele, relacionadas ao local do corpo, em que as cicatrizes hipertróficas ocorrem com maior frequência. Locais de articulação e/ou locais que estão sujeitos a maior tensão da pele, ou seja, que esticam a pele constantemente, possuem chance de desenvolver cicatrizes hipertrófica bem maior do que locais em que a pele não está em constante movimentação.
Quadro Clínico
A cicatriz hipertrófica é um desordenamento das fibras de colágeno, deixando a cicatrização com aspecto elevado e evidente. Este tipo de cicatrização pode ocorrer ou não em certo ferimento, mesmo que já tenha tido em outro ferimento na mesma pessoa. O desenvolvimento da hipertrofia na cicatrização não é regra e depende de muitos fatores, como o local da ferida e o tipo de ferimento.
Os sintomas iniciais de um processo de cicatrização hipertrófica incluem coceira, dor, ardência, vermelhidão e escurecimento da pele.
Há um momento em que a cicatriz hipertrófica entra em fase de inatividade clínica, ou seja, quando terminam os sintomas de coceira, dor, escurecimento. A partir deste momento a cicatriz para de mudar e aumentar (elevar) e pode começar a regredir, ou seja, diminuir de tamanho.
Tratamentos e Cirurgia
O tratamento é relativamente simples e bem parecido com o da queloide. Quanto antes for diagnosticado, maior a chance de cura. As melhores opções de tratamento são o uso de cremes, o microagulhamento, o peeling mecânico e o peeling químico.
Os cremes possuem a função de aumentar a hidratação na área e também para clarear. Geralmente são à base de ácidos, como o glicólico, o retinoico e o salicílico. Em alguns casos são indicados cremes à base de corticoide.
O microagulhamento é feito no consultório de médico dermatologista. Cicatrizes mais recentes possuem resposta melhor à este tratamento. Trata-se de um aparelho que realiza microperfurações na pele e, com isso, estimulam a qualidade do colágeno.
O peeling mecânico consiste na utilização de aparelhos específicos que estimulam a renovação celular da pele. Neste, não é utilizado nenhum tipo de produto químico, mas pode haver o auxílio de laser ou nitrogênio líquido. São indicados para casos mais leves e iniciais.
O peeling químico é indicado para cicatrizes recentes. Neste é utilizado um ou uma combinação de ácidos para estimular a renovação celular da pele. É feito por um dermatologista. Há peelings químicos mais profundos, como o de fenol e também alguns mais superficiais.
A cirurgia tem o objetivo de diminuir e deixar a cicatriz menos visível. É praticamente impossível sumir totalmente com a cicatriz, já que há a tendência natural de se formar uma cicatriz hipertrófica no local. A cirurgia é indicada para os casos de cicatrizes muito extensas e profundas. É feita por um cirurgião plástico. Ele faz uma sutura intradérmica e os fios para os pontos são absorvíveis ou de nylon monofilamentado.