Da a luz é um dos momentos mais bonitos na vida de uma mulher, contudo, nem para todas é sinônimo somente de alegrias. Não é incomum observar alguns distúrbios pós-parto, trata-se de um momento em que as mulheres se encontram sob forte sensibilidade e emoção o que torna mais fácil que pereçam de distúrbios emocionais.
Hormônios
Na fase do pós-parto as mulheres ainda se encontram com os níveis de hormônios elevados e com isso podem surgir problemas. Nesse período os níveis de hormônios gonadais estão bastante elevados com destaque para a ocitocina. Existe relação direta com o sistema neurotransmissor.
Há ainda como pano de fundo as mudanças que a maternidade acarreta na vida social da mulher. Passa a existir a necessidade de que ocorra uma reorganização social e ainda o aprendizado de como se encaixar nesse novo papel que lhe foi imposto. Uma fase em que a mulher se encontra indefesa e na qual pode sofrer de privação do sono e até mesmo de isolamento social.
Ainda nessa fase é necessário que a mulher enfrente as mudanças que ocorreram no corpo devido a gestação. Existe todo um processo de reconstrução da sexualidade bem como da imagem do corpo e identidade feminina. Os especialistas alertam que o período pós-parto é o período em que a mulher se encontra mais suscetível ao surgimento de transtornos psiquiátricos.
Distúrbios Emocionais no Pós-Parto
Disforia Puerperal
A descrição desse distúrbio foi feita na década de 1960 quando alguns médicos observaram que depois de alguns dias de dar a luz boa parte das mulheres começava a chorar com facilidade e que o choro não estava ligado necessariamente a se sentir triste. Essas pacientes ficavam com uma empatia demasiada e assim se tornavam bastantes sensíveis à rejeição.
Esse distúrbio é considerado como sendo o mais leve dentre os distúrbios do tipo puerperais. Pode ser observado em cerca de 50% a 85% das mulheres que dão a luz e os sintomas costumam se manifestar já nos primeiros dias de vida do bebê. No quarto ou quinto dia do nascimento os sintomas podem atingir o seu ápice e normalmente vão regredindo e acabam em duas semanas.
Dentre os sintomas estão chorar com facilidade, estar facilmente irritável e um comportamento hostil com as pessoas próximas. Tem casos em que a mulher passa a ter um sentimento de estranhamento e até mesmo ficar com a personalidade diferente. Não é necessário fazer uso de medicamentos, o que se recomenda é oferecer suporte para manter a estabilidade emocional da mãe.
Depressão Pós-Parto (DPP)
Já eram empreendidos estudos a respeito da psicose pós-parto no fim do século XIX, contudo, foi somente a partir da década de 1950 do século que começaram a se observar os casos moderados. Os médicos começaram a observar os transtornos de humor sendo que a primeira descrição do problema foi feita em 1968 por Brice Pitt.
Atualmente, a expressão depressão pós-parto (DPP) é usada para designar qualquer episódio de depressão que ocorra depois do nascimento do bebê, existem estudos de caso de pacientes que deram a luz a dois, três, seis meses e até um ano. Normalmente, o problema começa entre duas e três semanas depois do parto.
A paciente passa a perder o interesse em atividades do dia a dia, pode sofrer com mudanças de apetite e até mesmo problemas para dormir. Outros sintomas que podem aparecer é o sentimento de culpa ou de ser inútil além da sensação de cansaço, dificuldade de concentração e mesmo pensamentos de morte ou suicídio. As mulheres que apresentam a DPP são suscetíveis a passar pelo problema novamente.
Fatores de Risco da DPP
São considerados como fatores de risco histórico familiar de transtornos psiquiátricos, episódios depressivos e ansiedade durante a gestação. Podem ainda funcionar como fatores de complicação passar por problemas obstetrícios, parto prematuro, casos de abuso sexual ou mesmo conflito durante a gravidez como ser uma gestação indesejada.
Fatores Que Ajudam
Dentre os fatores que podem ajudar a proteger a mãe desse problema estão o otimismo, a autoestima elevada, a preparação física e psicológica além de apoio familiar e a boa relação com o parceiro.
Impacto na Vida do Bebê
Mães que passam pela DPP dedicam menos tempo a cuidar dos seus bebês, elas tocam, olham e falam menos com os pequenos. Além disso, elas apresentam mais expressões negativas do que positivas. Pode ocorrer de a amamentação ser interrompida antes do momento certo e pode ser que não se estabeleçam relações de afeto com o filho. Os bebês são impactados diretamente uma vez que dependem dos cuidados dedicados de sua mãe.
Questão Hormonal
Vários estudos descobriram que acontece uma queda muito rápida nos hormônios gonadais no período pós-parto o que pode implicar nas alterações dos transtornos de humor uma vez que existe associação de hormônios como progesterona e estrogênio na regulação de vários sistemas de neuotransmissão dentre os quais se inclui o serotonérgico. Foi feito ainda o estudo de outros hormônios que fazem neurorregulação como cortisol, prolactina entre outros, mas sem um resultado efetivo.
Medicação Antidepressiva
O primeiro tipo de tratamento que os médicos utilizam nos casos de DPP é o de medicação antidepressiva. Embora ainda não existam muitos estudos que determinem de que maneira esses medicamentos impactam no tratamento da DPP são fundamentais. Tem ganhado destaque ainda a terapia cognitivo-comportamental (TCC), porém, usada em conjunto com os medicamentos.
Riscos
Um dos problemas do tratamento medicamentoso durante a fase de aleitamento materno é que parte das medicações acaba sendo excretada no leite da mãe. Devido a questões éticas fica estabelecido que deve existir controle na exposição de lactantes a medicamentos. Estudos realizados com foco nos antidepressivos não demonstram efeitos colaterais, mas é importante ficar atento.
Psicose Pós-Parto
O distúrbio da psicose pós-parto é o mais sério que pode acometer uma mulher que está no período pós-parto. Normalmente essa doença começa rapidamente e os seus sintomas são percebidos nos primeiros dias após o nascimento do bebê. No começo os sintomas são de euforia, alucinações, falta de organização, delírios e confusão mental. O grande risco é o de infanticídio uma vez que as mães passam a ter ideias delirantes a respeito do bebê.
Distúrbios Emocionais no Pós-Parto
Segundo especialistas existem dois quadros característicos de distúrbios emocionais que podem ocorrem no período de pós-parto em algumas mulheres, são eles:Síndrome Depressiva Crônica e Psicose Puerperal.
Psicose Puerperal
Nesse tipo de transtorno depressivo do pós-parto, as manifestações clínicas surgem logo nos três primeiros meses depois que a mulher gera a criança e se caracterizam por serem sintomas com maior duração e mais intensos. Na psicose puerperal, a paciente tem surtos psicóticos precisando de medicação adequada, acompanhamento psicoterapêutico, em alguns casos mais graves internação em um hospital.
Síndrome Depressiva Crônica
A principal diferença da Psicose Puerperal para a Síndrome Depressiva Crônica, é que nessa última há um estado de depressão e não um surto psicótico. As principais manifestações clínicas da Síndrome Depressiva Crônica São: Alteração do humor, distúrbios de sono, sensação de fadiga, modificações no apetite, sentimento de culpa e pensamentos de mortes ou suicídio e a terapêutica é feita com medicação e psicoterapia Vale ressaltar que um diagnóstico preciso é essencial para que essas mulheres consigam iniciar seu tratamento o mais rápido possível.
Salete Dias