Movimentos faciais involuntários são reconhecidos há tempos na história humana, retratados por artistas fascinados pela forma de como esses movimentos distorciam a expressão facial. Por exemplo, no século XVI, Brueghel pintou uma mulher com aparente blefaroespasmo na abertura involuntária da mandíbula.
Blefaroespasmo: Condição neurológica caracterizada por fechamento forçado das pálpebras. Espasmo significa “a contração muscular descontrolada”. O termo pode ser aplicado a qualquer piscada forçada de pálpebra resultante de causas variadas, resultando de olhos secos à síndrome de Tourette. Não deve ser confundido com:
Ptose: Inclinação das pálpebras causada por fraqueza ou paralisia do músculo elevador da pálpebra superior;
Blefarite: Condição inflamatória das tampas devido à infecção ou alergias.
O Que Causa Blefaroespasmo?
Blefaroespasmo começa de modo gradual com a irritação do olho excessiva. Nos estágios iniciais pode ocorrer com os “estressores” precipitantes específicos, como luzes brilhantes, fadiga e tensão emocional.
Conforme a doença progride os sintomas ocorrem com frequência durante o dia. Os espasmos desaparecem durante o sono e algumas pessoas acham que depois de uma boa noite de sono eles não aparecem por várias horas depois de acordar. Concentrar à tarefa específica pode reduzir a frequência dos espasmos.
À medida que a doença progride os espasmos se intensificam de modo que, quando ocorrem, o paciente fica “cego” de maneira funcional e as pálpebras fechadas por hora.
Cientistas apontam que o blefaroespasmo é gerado por funcionamento anormal dos gânglios situados na base do cérebro. Eles desempenham papel em todos os movimentos coordenados. Todavia, cientistas ainda não possuem cem por cento de certeza das causas principais.
Na maioria das pessoas se desenvolve de forma espontânea sem fator precipitante conhecido em termos gerais. No entanto, se observa que os sinais e sintomas de olho seco precedem a condição.
Raramente pode ser considerada doença familiar com mais de um membro da família dos afetados. Em certos casos os espasmos das pálpebras são acompanhados por mandíbula apertada ou abertura da boca com caretas e protrusão da língua. Induzida pelos fármacos, tais como os utilizados para tratar a doença de Parkinson, por exemplo.
Principais Características Clínicas
Antes do desenvolvimento sustentado pelo fechamento das pálpebras, cerca de um terço dos pacientes relatam aumento da frequência do movimento de piscar, sugerindo que o blefaroespasmo pode acontecer devido à redução dos mecanismos que abre e fecha os olhos.
Embora os indivíduos saudáveis pisquem com maior frequência durante a conversa do que no repouso, em pacientes com blefaroespasmo o padrão é invertido, ou seja, conversar pode atuar como um “truque sensorial”.
O aumento intermitente que precede blefaroespasmo está associado à sensação de irritação nos olhos e para a fotofobia. Geralmente progride para contrações do músculo orbicular, levando ao fechamento forte das pálpebras, associado com a participação do músculo e contrações compensatórias.
Até 20% dos pacientes possuem envolvimento unilateral no início, mas o olho oposto se torna mais tarde envolvido aos pacientes. Blefaroespasmo consiste de modo raro na condição isolada.
Esta forma de distonia está associada aos problemas na cervical facial e nos músculos mandibulares. Além disso, os pacientes com blefaroespasmo podem ter problemáticas nos membros, tronco e nas cordas vocais (disfonia espasmódica).
Blefaroespasmo Primário e Secundário
Ao contrário de blefaroespasmo idiopático que acontece quando o paciente está ativo, o tipo secundário persiste durante o repouso. Esta distinção, no entanto, não é confiável o suficiente para diferenciar primário do secundário.
Blefaroespasmo pode variar de apenas uma condição um pouco chata para doença incapacitante que interfere nas atividades diárias, assim como ler, assistir televisão e dirigir.
Não se pode ignorar o fato de que até dois terços dos pacientes se tornam cegos pelo funcionamento do blefaroespasmo, agravado por luz brilhante, como resultado, muitos pacientes usam óculos de sol, tanto fora como dentro de casa.
Os espasmos podem ser aliviados puxando uma pálpebra superior ou uma sobrancelha, apertando o pescoço, cantarolando, bocejando, cantando, dormindo, relaxando, lendo, se concentrando, olhando para baixo e realizando outras manobras ou truques sensoriais.
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Evolução e Propagação do Blefaroespasmo
Apesar de início na idade adulta as distonias focais tendem a permanecer focal, em que o risco de propagação foi elevado em pacientes com blefaroespasmo (31% passando pela cabeça) em comparação com aqueles que começam nas extremidades superiores (16%), laringe (12%) ou do pescoço (9%). Na maioria dos casos a propagação ocorre nos primeiros cinco anos após o início, como demonstrado em vários estudos.
Os sintomas psiquiátricos como ansiedade, depressão e psicose podem estar presentes mesmo antes ou no início da doença identificada em 18% dos 264 pacientes. A prevalência de sintomas obsessivo-compulsivos, frequentemente atribuídos à disfunção dos gânglios da base, em pacientes com blefaroespasmo, são maiores do que naqueles com espasmo hemifacial, apesar das semelhanças clínicas.
Esta convivência com sintomas psiquiátricos leves podem explicar a tendência de rotular blefaroespasmo como um problema psicogênico. No entanto, formas psicogênicas são extremamente raras, e, geram há pouca ou nenhuma evidência de qualquer psicopatologia em pacientes.
Etiologia do Blefaroespasmo
Distonia primária
Esporádico
Herdado
Infância e na idade adulta
Distonia do crânio cervical
Associada com distúrbios neurodegenerativos
Doença de Parkinson
Paralisia supranuclear progressiva
Atrofia de múltiplos sistemas
Esclerose múltipla
Distonia tardia é provável
Risco de Distonia Tardia
Distonia tardia consiste de movimento distônico persistente envolvendo face, mandíbulas, pescoço, tronco e braços. Blefaroespasmo pode ser a apresentação inicial da distonia tardia. Além das drogas bloqueadoras do receptor de dopamina, outras podem ser a causa.
Variedade de lesões envolve o tronco cerebral, tálamo e gânglios da base (por exemplo, esclerose múltipla, acidente vascular cerebral e hidrocefalia) possuem associação com blefaroespasmo e outras formas de distonia cranial.
Trauma periférico é cada vez mais reconhecido como uma causa de distonia e pode provocar distonia em pacientes portadores do gene da distonia de torção idiopática. Até 12% dos pacientes desenvolve trauma ocular antes do início do movimento.
Quase 12% dos indivíduos com outras formas saudáveis têm olhos secos, mas a maioria dos pacientes não tem síndrome, como observado na doença de Sjögren, embora possam ter sintomas de secura.
A síndrome do olho seco talvez seja a causa ou a consequência do blefaroespasmo. Pessoas com secura no globo ocular piscam com maior frequência!
Artigo Escrito por Renato Duarte Plantier