Câncer Do Colo Do Útero – Visão Geral
Câncer é o nome dado a um conjunto de mais de 100 doenças que têm em comum o crescimento descontrolado de células, que podem invadir tecidos e órgãos, comprometendo o funcionamento local ou geral do organismo. As células cancerosas tendem a ser muito agressivas e incontroláveis, contribuindo para a formação de tumores, que podem crescer chegando a tecidos e órgãos adjacentes àquele no qual se formou.
Existem diferentes tipos de cânceres. Quando começam em tecidos epiteliais eles são chamados de carcinomas. Se começarem a se formar em tecidos conjuntivos são os sarcomas. Também podem ser diferenciados pela maneira e velocidade com que multiplicam-se as células cancerosas, sendo capazes ou não de invadir tecidos e órgãos vizinhos.
O câncer surge a partir de uma mutação genética, que faz com que alguma célula receba instruções erradas para suas atividades. Esse processo é chamado de oncogênese ou carcinogênese e, normalmente demora muitos anos a ocorrer até que seja formado um tumor. Em um determinado tecido surge uma célula com mutação e começa a se multiplicar descontroladamente, a partir disso as células normais deste tecido vão sendo substituídas por células cancerosas até que ele esteja apenas formado por células cancerosas ou uma grande parte dele – esta parte é um tumor.
O câncer de colo de útero é também chamado de câncer cervical. Ele é causado pela infecção persistente por alguns tipos de vírus do Papiloma Humano, o HPV. É o terceiro tumor maligno mais frequente na população feminina, perdendo apenas para o câncer de mama e do colorretal e é a quarta causa de morte de mulheres no país.
Ele ocorre nas células do colo do útero, que é a parte mais inferior do órgão que se conecta à vagina. As células começam a crescer de maneira anormal e invadem porções mais profundas do útero e tecidos e órgãos próximos, como pulmões, fígado, bexiga, vagina e reto.
Causas
Necessariamente, para que ocorra o desenvolvimento do câncer do colo do útero, a mulher precisa estar infectada pelo vírus do papiloma humano, o HPV. Mas existem muitos tipos deste vírus e nem todos podem causar a infecção pelo vírus. São apenas alguns, chamados de carcinogênicos. É bom frisar que mesmo estando infectada com alguns destes, não necessariamente a mulher vai desenvolver o câncer, na verdade é apenas uma pequena porção de pessoas infectadas que desenvolvem o câncer.
Além da contaminação com o vírus, outros fatores podem influenciar para a formação e desenvolvimento do câncer do colo do útero.
O câncer começa com alterações anormais do tecido cervical, que ocorrem pela infecção com o vírus HPV, além de contato sexual precoce, múltiplos parceiros sexuais, contraceptivos orais, etc. As alterações nas células causam dois problemas: elas não morrem e continuam se dividindo, normalmente em alta velocidade.
Fatores De Risco:
- Contato com o HPV, vírus sexualmente transmissível. Existem mais de 100 tipos deste vírus e pelo menos 13 deles podem causar o câncer cervical.
- Ter muitos parceiros sexuais ou tornar-se sexualmente ativo muito precocemente – isto aumenta a chance do contato com o vírus.
- Fumar: o tabagismo aumenta o risco de desenvolvimento de vários tipos de cânceres, incluindo o câncer do colo de útero.
- Sistema imunológico enfraquecido: Pessoas com HIV ou AIDS, ou também pessoas que foram submetidas à transplante ou medicamentos imunossupressores.
- Pílulas anticoncepcionais: o uso prolongado de anticoncepcionais orais aumenta o risco para o câncer cervical.
- DSTs: Clamídia, gonorreia, sífilis, dentre outras, aumentam o risco de desenvolver câncer do colo de útero.
- Exposição à drogas de prevenção de aborto pela mãe, como a DES (dietilestilbestrol).
Magnitude
Há aproximadamente 530 mil casos novos diagnosticados a cada ano no mundo. Este tipo de câncer é o quarto mais comum entre as mulheres. Além disso é responsável por 265 mil óbitos por anos endo também a quarta causa mais frequente de morte por câncer em mulheres.
As taxas de incidência do câncer de colo de útero no Brasil se equiparam às dos países em desenvolvimento, mas são muito mais altas do que as taxas dos países desenvolvidos. Isso porque os países mais desenvolvidos possuem programas de detecção de câncer de colo de útero muito mais bem estruturados do que no Brasil e em outros países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento.
No Brasil, ele se destaca como o mais incidente na região norte do país. Na região centro-oeste e nordeste ele ocupa a segunda posição, no sudeste a terceira e no sul ocupa a quarta posição de incidência. A taxa de mortalidade segue mais ou menos a mesma ordem de posição em relação às regiões do Brasil, sendo bem alta no norte do país e com nítida tendência de crescimento.
Sobre a faixa etária de incidência, ele é raro em mulheres de até 30 anos e ocorre com pico de incidência na faixa etária que vai dos 45 aos 50 anos de idade. A taxa de mortalidade é mais alta e aumenta progressivamente a partir dos 40 anos de idade.
Sintomas
O câncer de colo de útero normalmente não apresenta sintomas iniciais. Quando apresenta, normalmente o câncer está em um estágio muito avançado e de difícil tratamento e cura. Por isso, ir ao ginecologista e realizar os exames preventivos é de extrema importância para rastrear a presença de tecidos cancerosos no colo do útero. Quando existem, os sintomas normalmente se confundem com sintomas associados a outra coisa, como infecção por fungos ou infecção no trato urinário.
- Sangramento anormal, entre períodos
- Sangramento após relação sexual
- Sangramento após a menopausa
- Desconforto durante a relação sexual
- Corrimento vaginal com odor forte
- Corrimento tingido de sangue
- Dor pélvica
Diagnóstico
O diagnóstico precoce, como todos os casos de câncer, mas principalmente neste, é de extrema importância para aumentar a taxa de sucesso no tratamento. Este é um câncer lento, então é bem possível tratar caso seja diagnosticado em estágio inicial.
A detecção pode ser feita por meio da investigação com exames clínicos, laboratoriais ou radiológicos, de pessoas com sinais e sintomas sugestivos da doença. Também com o uso de exames periódicos, para rastreamento, em pessoas com maior chance de contrair o vírus, como pessoas imunodeprimidas.
O exame preventivo Papanicolau, pode detectar lesões precursoras do câncer, ou seja, que aparecem antes do início da doença. Se o câncer for diagnosticado em fase inicial, há 100% de chance de cura. A doença é silenciosa em seu início, por isso é importante realizar os exames mesmo sem sintomas de doenças ou alterações.
Os exames que podem diagnosticar são: exame pélvico e história clínica, exame preventivo, colposcopia e biópsia.
Prevenção
A prevenção está intimamente relacionada com a diminuição do risco de contágio pelo vírus HPV. O uso de preservativo protege parcialmente do contágio, já que ele pode ocorrer também pelo contato com a pele da vulva, região perineal, perianal e bolsa escrotal.
A vacinação e a realização do exame preventivo são ações que complementam a prevenção deste câncer. Mas mesmo as mulheres vacinadas devem realizar o exame preventivo com regularidade, pois a vacina não protege contra todos os tipos.
Tratamento
O tratamento para este câncer vai depender do estágio em que ele foi diagnosticado. Para ele, há opções de cirurgia, quimioterapia e radioterapia. Pode também ser a combinação de mais de um tipo de tratamento ou cirurgia mais tratamento. Se for confirmada a presença de lesões precursoras elas podem ser tratadas por meio de uma eletrocirurgia, como uma cauterização.
Cirurgia
A cirurgia normalmente é a mais indicada para tratar o câncer diagnosticado em estágio inicial. A cirurgia pode ser de vários tipos e isto vai depender do tamanho do câncer e da vontade que a mulher tem de engravidar no futuro.
A cirurgia para cortar apenas o câncer pode ser indicada para aqueles que ainda estão muito pequenos. Uma biópsia de cone consegue cortar o tecido, deixando o resto do colo do útero intacto.
A traquelectomia é aquela em que o colo do útero é removido. Em um estágio inicial, é possível retirar apenas o colo do útero ou algum tecido circundante. É possível realizar este procedimento permitindo que o útero possa abrigar um feto futuramente.
A histerectomia é a cirurgia onde o colo do útero é removido juntamente com o órgão todo. Esse procedimento normalmente remove o colo do útero, o útero, parte da vagina e dos linfonodos próximos. Neste caso é impossível engravidar futuramente mas previne o câncer de aparecer novamente. Converse com seu médico sobre a histerectomia minimamente invasiva.
Radiação
Essa terapia utiliza feixes direcionados, de energia de alta potência, como raios-x ou prótons, para matar as células cancerígenas. A terapia é frequentemente combinada com a quimioterapia. Também pode ser indicada no pós cirúrgico. Pode ser externa ou interna, ou a combinação dos dois tipos.
Quimioterapia
Neste caso o paciente é tratado com medicamentos com produtos químicos para tratar as células cancerígenas. Pode ser por meio de pílulas ou também através de uma veia. A quimioterapia pode ser indicada em conjunto com a radioterapia já que normalmente ela irá aumentar o efeito da radiação.
Terapia direcionada
Para casos de câncer mais avançados, os tratamentos direcionados a medicamentos concentram-se em fraquezas das células cancerígenas. Bloqueando as fraquezas, o tratamento pode causar a morte delas. Normalmente é associada a quimioterapia para casos mais avançados.
Imunoterapia
Tratamento medicamentoso que ajuda o sistema imunológico a ficar mais forte para combater o câncer. A imunoterapia faz o corpo perceber a presença das células cancerígenas e reconhecer como um problema a ser resolvido, algo que normalmente não ocorre, pois as células cancerosas produzem proteínas que as tornam indetectáveis pelas células do sistema imunológico.
Cuidados Paliativos
Quando o câncer está em estágio muito avançado, os médicos irão indicar cuidados que servirão para diminuir a dor e outros sintomas. Normalmente, um conjunto de especialistas trabalham juntos para dar apoio ao paciente e à família, com uma qualidade melhor de vida, sem dor e sofrimento. Participam disso nutricionistas, oncologistas, psicólogos, enfermeiros, dentre outros.