Um dos assuntos que mais tem ganhado espaço para discussões na mídia é o uso de moderadores e inibidores de apetite para o tratamento da obesidade. A polêmica ganhou mais força quando a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) retirou os moderadores de apetite (anorexígenos) das prateleiras das farmácias e viu sua decisão revogada pela lei aprovada pelo Senado Federal.
Para que seja mais fácil para os leigos no assunto (do ponto de vista médico) compreender porque o uso de inibidores e moderadores de apetite é tão importante nos casos de obesidade vamos ilustrar as explicações com situações e personagens fictícios. Esse é um tema que ainda precisa ser discutido pelo bem das pessoas que precisam de ajuda para emagrecer.
Uso Indiscriminado de Moderadores e Inibidores
A situação que ocasiona as discussões a respeito da proibição do uso dessas substâncias certamente é o do uso indiscriminado de moderadores e inibidores. Vamos ilustrar essa situação através da história de Júlia que sempre foi uma garota vaidosa e que achava que estava acima do peso mesmo ouvindo de todos que estava magra.
Quando Julia cresceu e continuou se vendo gorda diante do espelho, mesmo todos afirmando que ela é magra passou a procurar médicos na esperança de que eles lhe prescrevessem o uso de medicamentos para ajudar a perder peso. Os médicos sempre negavam a ela a prescrição pelo fato de que ela estava no peso adequado.
Descontente com o diagnóstico de vários médicos, Julia, passou a se automedicar com inibidores de apetite que conseguia comprar na farmácia pagando um pequeno suborno a balconista (infelizmente, isso é mais comum do que imaginamos) ou mesmo com uma amiga obesa que precisava tomar os medicamentos.
Resultado
Julia se viciou na automedicação com inibidores de apetite e ainda precisou conviver com efeitos colaterais bem desagradáveis como boca seca, insônia, agitação e irritabilidade.
Sedentarismo – O Grande Vilão
No caso da personagem Marcela a situação é outra, desde muito pequena ela praticou esportes e teve uma alimentação saudável na casa dos pais não tendo problemas com a balança nem na adolescência. Contudo, quando se tornou adulta e começou a trabalhar foi morar sozinha, Marcela, passou a não ter mais tempo para fazer exercícios físicos e passou a ser sedentária.
A alimentação também mudou muito sendo composta de muitos fast food para facilitar a sua rotina complicada. Como o trabalho é muito estressante Marcela come por ansiedade e estava comendo cada vez mais. Essa mudança acarretou no aparecimento de 20 quilos a silhueta que antes era magra.
Passando por uma crise com a sua imagem, Marcela, aceitou a dica de uma amiga para usar medicamento Anorexígeno para emagrecer. Porém, os efeitos colaterais que incluíam insônia, irritabilidade e boca seca passaram a atrapalhar a vida pessoal e profissional. Foi então que Marcela ouviu sua mãe e voltou a ter uma vida saudável comendo melhor e praticando exercícios físicos.
Resultado
Marcela emagreceu e não voltou mais a engordar e não precisou recorrer a nenhum medicamento.
Fome Excessiva
Carlos já nasceu gordinho, em parte pelo fato de que seus pais eram obesos. O pediatra de Carlos estava sempre alertando a família que o pequeno estava acima do peso indicado para a sua idade de maneira que os pais deviam passar a oferecer uma alimentação mais saudável e a prática de esportes para ele.
O pequeno Carlos tinha dificuldade para comer menos já que estava sempre com muita fome. Os amiguinhos riam dele e o chamavam de ‘comilão’ por não conseguir se controlar. Quando se tornou adolescente Carlos ouviu dos médicos que precisava emagrecer para reduzir os riscos de ter doenças cardiovasculares e diabetes quando fosse adulto.
Buscando emagrecer, Carlos passou a praticar esportes, mas ainda sentia grande dificuldade em emagrecer. A fome sem fim que ele sentia o fazia devorar o que tivesse pela frente recuperando o peso que perdia com o esporte.
Sinal de Alerta
Carlos se tornou um adulto preocupado com sua saúde uma vez que seus exames de sangue e medição de pressão arterial sempre apresentavam resultados ruins. Depois de muito sofrimento e dificuldade de emagrecer com tanta fome ele procurou a ajuda de um especialista que lhe disse que algumas pessoas, assim como nosso personagem, nascem com uma alteração nos genes que os fazem ser “hiperfágicos”.
Essas pessoas têm uma sensação de fome excessiva de maneira que não conseguem comer volumes menores de comida. Além disso, em geral essas pessoas têm um organismo que gasta pouca energia. O problema de Carlos estava na área do cérebro conhecida como “centro da fome” que é a responsável por dar o comando para que nos alimentemos.
Os Medicamentos
O médico explicou a Carlos que no seu caso os medicamentos conhecidos como anorexígenos poderiam ser de grande ajuda. Esses medicamentos têm como objetivo reduzir os estímulos vindos do centro de fome estimulando a perda de peso. Porém, é claro que junto com os medicamentos Carlos precisaria ter uma alimentação saudável e fazer exercícios com frequência.
Carlos foi orientado a respeito dos possíveis efeitos colaterais que esses medicamentos podem causar e que se eles fossem muito intensos o uso dos mesmos seria cortado. Tomando os medicamentos na dose correta e com o acompanhamento do médico Carlos enfrentou os efeitos colaterais na primeira semana, mas depois os mesmos foram cedendo.
Resultado
Com a orientação médica e o uso correto dos medicamentos aliado a prática de exercícios físicos e alimentação saudável Carlos obteve uma boa perda de peso e o mais importante conseguiu manter esse resultado.
Avaliação
Depois de ler os três casos ficou claro que de todos apenas quem precisava dos medicamentos era Carlos. Isso porque as doenças que poderiam ser originadas do seu sobrepeso eram muito mais graves do que os efeitos colaterais e ele ainda teve o acompanhamento médico.
Marcela não precisava da medicação, pois o sobrepeso apareceu quando ela se tornou sedentária, ou seja, bastava voltar a ter hábitos saudáveis para recuperar o peso adequado. Além disso, Marcela sofreu muito com os efeitos colaterais dos medicamentos que não precisava tomar.
O caso de Julia é o que fica mais claro o quanto é grave ter um distúrbio de imagem, pois ela mesmo sendo magra e estando no peso adequado ainda buscava a medicação anorexígena arriscando a sua saúde. O que fica claro é que se mostra necessário uma maior fiscalização da venda desses medicamentos.