Atualmente já é algo bastante consolidado no mundo científico o quão bem os exercícios físicos podem fazer para a nossa saúde. No entanto, até há algum tempo o que estava estabelecido era o fato de os exercícios fazerem muito bem para os sistemas respiratório e cardiovascular. De uns tempos para cá foi que a ciência começou a realizar pesquisas que acabaram revelando os benefícios dos exercícios para a saúde cerebral, que envolve não só as questões de raciocínio e de memória, mas também as questões relacionadas ao psicológico dos indivíduos.
O que foi achado na grande maioria dos estudos é que os idosos que praticavam atividades físicas de maneira regular apresentavam uma condição melhor no que diz respeito à cognição, ao pensamento e à memória, que são funções fundamentais para a atividade humana. Isso traduz a redução das chances de um idoso desenvolver algum tipo de demência, como o Mal de Alzheimer, por exemplo. Os exercícios podem variar desde uma simples caminhada matinal diária como exercícios mais completos, como uma natação. É por isso que a indicação, o incentivo e a realização de projetos públicos envolvendo a prática de exercícios físicos se tornou um dos itens a serem cumpridos dentro da saúde pública no Brasil.
Na Irlanda, alguns cientistas tentaram analisar de que maneira os exercícios físicos podem afetar o cérebro dos seres humanos e, para isso, um grupo de pessoas sedentárias foi recrutado para realizar alguns testes de memória logo após a realização de exercícios físicos de alta intensidade. Esse grupo era composto por jovens estudantes, todos do sexo masculino. Nesse estudo, as pessoas assistiram a um vídeo com uma série de fotos de pessoas desconhecidas juntamente com os seus respectivos nomes, que deveriam ser memorizadas e relacionadas entre si. Em seguida, todos faziam um intervalo e após, precisariam se lembrar dos nomes e correlaciona-los com as respectivas fotos das pessoas que haviam sido mostradas anteriormente. Em seguida, esse grupo foi dividido em dois sendo que a primeira metade foi submetida à realização de exercício em uma bicicleta estacionária em uma intensidade que aumentava de maneira gradual em um determinado período de tempo. A outra metade permaneceu descansando em uma sala e, em seguida, os dois grupos foram reunidos novamente e realizaram um outro teste utilizando uma espécie de quebra-cabeças.
A partir disso, os indivíduos que realizaram os exercícios acabaram obtendo um resultado melhor no teste que realizaram após a atividade física de uma maneira significativamente muito melhor do que o grupo que ficou na sala descansando, pois, esse segundo grupo apresentou uma performance muito semelhante à do primeiro teste, enquanto que o grupo que se exercitou apresentou grande melhora em suas performances.
Outro ponto realizado nessa pesquisa foi a coleta de sangue das pessoas que se voluntariaram entre os dois grupos. O resultado após a análise bioquímica da composição sanguínea desses grupos mostrou que nas pessoas que realizaram os exercícios houve uma elevação da quantidade do fator neurotrófico cerebral derivado, cuja sigla é BDNF, derivada do nome dessa substância em inglês. A BDNF é uma proteína que é muito conhecida por sua característica de realizar a manutenção da saúde nas células que pertencem ao nosso sistema nervoso. Já nos indivíduos que pertenceram ao grupo que permaneceu em repouso os níveis dessa proteína em seus sangues não sofreu alteração, o que explica o porquê essas pessoas não obtiveram nenhuma melhora em suas performances no que diz respeito à utilização da memória.
Outros grandes estudos também tentaram identificar os efeitos dos exercícios físicos nos cérebros não só de pessoas jovens, mas também em adultos de meia idade, idosos e inclusive animais. Todos eles mostram resultados bastante semelhantes aos apresentados por esses pesquisadores da Irlanda. Algumas pesquisas ainda são necessárias e outras já se encontram em andamento na tentativa de, principalmente, quantificar e/ou mapear especificamente as regiões cerebrais que são mais beneficiadas com a realização dos exercícios físicos regulares.
