Puberdade é o nome que se dá a uma fase do crescimento e desenvolvimento de um ser humano, que é a fase em que ocorrem as principais alterações no corpo e, resumidamente falando, fazem com que a pessoa deixe de ser uma criança e passe a se tornar um adulto. Sendo assim, as principais alterações que ocorrem nessa fase são a maturação sexual e o preparo do corpo como um todo para a possibilidade de reprodução.
Para que isso ocorra acontece uma sequência definida de alterações no chamado eixo hipotálamo-hipófise-adrenal-gonadal, que é um eixo estabelecido pela liberação de hormônios que fazem o estímulo em cadeia das glândulas que lhe dá o nome. O resultado dessa liberação sequencial de hormônios que ocorre de maneira programada e individual para cada ser humano é o chamado estirão, caracterizado pelo crescimento de maneira acelerada em um curto período de tempo e o aparecimento dos caracteres próprios da sexualidade, que são as chamadas características sexuais secundárias, tanto no sexo masculino quanto no sexo feminino.
O que vai determinar a programação do início da puberdade é, sobretudo, a genética do indivíduo, que vai ser, por sua vez, influenciada por sua história familiar. Outro fator de grande influência é o ambiente em que esse indivíduo está inserido, o que irá incluir o estilo de vida (em que entram a alimentação, realização de atividades físicas, o tipo de atividade e o uso de medicações e drogas, por exemplo), as condições físicas e geográficas do ambiente à sua volta, além disso, o fator socioeconômico também tem sua parcela de contribuição no que diz respeito à puberdade.
A questão genética está tão relacionada que as meninas apresentam idade da menarca, que é a primeira menstruação, bem próxima à de suas mães, bem como o volume das mamas e a distribuição de pelos, tanto nas mulheres quanto nos homens. Outra relação genética evidente é quanto às variações étnicas quanto à idade de ocorrência da puberdade e também quanto às características sexuais secundárias, como volume de mamas e quadris e quantidade de pelos, principalmente.
Apesar disso, alguns estudos demonstram que as questões sociais e econômicas influenciem mais que o fator genético no desenvolvimento da puberdade. Com relação ao estilo de vida, crianças obesas tendem a apresentar uma puberdade mais precoce que o normal, uma vez que a resistência à insulina, que na maioria das vezes está relacionada à obesidade, provoca uma ativação do eixo de cadeia de hormônios citado anteriormente. Já a prática de exercícios físicos de maneira intensa provoca um retardo da puberdade. Isso pode estar relacionado tanto ao uso de complementos e suplementos, principalmente em atletas que praticam competições, como também devido ao excessivo gasto energético que esses indivíduos têm.
É de se esperar então que todas essas alterações que ocorrem no corpo do indivíduo de modo relativamente rápido como ocorre causem grandes alterações psicológicas e também sociais para a pessoa que está sofrendo as transformações da puberdade. Na realidade essas mudanças chamadas psicossociais fazem parte da puberdade e têm características esperadas.
A questão psicológica também é muito importante e influencia de maneira considerável na evolução da puberdade, podendo acelerar, antecipar ou retardar esse processo de transformação do ser humano. O estresse me excesso pode alterar a liberação dos hormônios, fazendo com que haja uma disponibilidade de hormônios menor do que a normal, além de essa liberação poder ocorrer em uma fase mais tardia do que seria o previsto para o indivíduo em questão.
Com relação ao sexo feminino, o que define a fase da puberdade é o desenvolvimento mamário, além da quantidade e distribuição de pelos pubianos, o que também é averiguado com relação ao sexo masculino. Neste, além dos pelos, é observado também o volume do pênis e dos testículos. Essas fases são ilustradas em uma escala que varia de 1 a 5 para cada característica de maturação de caracteres sexuais secundários.
Apesar de todas essas alterações físicas e psicológicas é muito possível que esse pré-adolescente ou já adolescente consiga passar por essa fase com boa qualidade de vida. O primeiro aspecto com relação a isso é a análise do período em que essas transformações estão começando a ocorrer, se está na idade normal, principalmente. Isso porque é de suma importância identificar atrasos ou precocidades do início da puberdade com rapidez, a tempo de ser corrigido e evitando alterações irreversíveis no desenvolvimento principalmente físico desse indivíduo. Sendo assim, em caso de alterações, seja para mais tardia, seja para antecipação do desenvolvimento puberal, se faz necessário um suporte médico endocrinológico, de preferência, adequado.
Outra questão que auxilia em muito a qualidade de vida na puberdade é o suporte psicológico, uma vez que, como citado anteriormente, ele influencia em larga escala o desenvolvimento do indivíduo que passa por essa fase. Dessa maneira, é importante minimizar ao máximo os fatores estressores e fatores que possam contribuir para alterações psicológicas dos pré-púberes. Isso porque a fase da puberdade coincide com a fase da adolescência ou até mesmo da pré-adolescência, que é quando o indivíduo está se descobrindo, descobrindo o seu espaço na sociedade, bem como tentando se adequar a padrões e a estereótipos que muitas vezes são impostos no meio em que vive.
A questão da imagem corporal que se altera e inclusive com relação ao tom de voz, no caso dos meninos, são fatores que podem perturbar o psicológico desses indivíduos, contribuindo para complicações e efeitos indesejados que esses fatores externos podem lhes causar. Dentre eles há os distúrbios alimentares, que são muito evidentes nessa fase do desenvolvimento do ser humano. Com bons hábitos e estilo de vida, de preferência, desde a infância, esses efeitos são minimizados ou até mesmo a questão do corpo pode passar desapercebida, o que é favorecido com um bom suporte psicológico não apenas de um profissional, mas também da família, principalmente de pais e mães.
O que também deve ser observado com atenção é a tendência que o indivíduo nessa fase tem de se isolar da sociedade, o que reduz sua qualidade de vida, uma vez que deixa de participar dos ciclos sociais em que estava inserido, como de família, cursos, da escola ou da rua ou condomínio, por exemplo. Para evitar isso é necessário que haja um incentivo por parte principalmente da família ou de amigos próximos que sejam um pouco mais velhos para dar continuidade aos ciclos e evitar o chamado isolacionismo.
Com relação às atividades físicas, é importante salientar o fato de que apesar de serem benéficas para a qualidade de vida na puberdade, ela deve ser dosada e ser feita de maneira regular e monitorada, uma vez que a tendência é provocar um exagero em atividades, seja na quantitativamente ou intensamente, na tentativa de seguir os padrões geralmente impostos pela sociedade, e que podem atrapalhar o desenvolvimento puberal, conforme citado no início desse texto.
Sendo assim, um indivíduo na puberdade tem plenamente como apresentar uma boa qualidade de vida, desde que tenha, principalmente, um bom suporte familiar que consiga observar possíveis alterações ou sinais importantes e que possam encaminhar essa pessoa a um especialista ou a algum profissional que lhe ajude, além do incentivo à boa convivência social, que é muito importante e um dos principais definidores de caráter do ser humano, que ocorre em grande parte nessa fase.
